Ministro das Relações Exteriores da
República Democrática do Vietnã
O Governo dos Estados Unidos recentemente enviou para Saigon o General Lawton Collins como Embaixador dos Estados Unidos no Governo de Ngo Dinh Diem. Nas palavras do próprio General Collins, a missão especial que lhe foi confiada nesta qualidade visa “dar apoio incondicional dos Estados Unidos ao Governo de Ngo Dinh Diem” e “ajudá-lo por todos os meios possíveis”. Essa ajuda consiste essencialmente no “treinamento, pela Missão Americana, das forças do exército Vietnamita”, cujo treinamento “será 90% americano”.
Assim, o objetivo agressivo do Tratado de Manila começa a se materializar no Vietnã do Sul com a chegada da Missão do General Collins.
É necessário recordar aqui que o Tratado de Manila e o protocolo adicional integrando Vietnã do Sul, Laos e Camboja na “Organização do Tratado do Sudeste Asiático” sob a direção dos Estados Unidos está em flagrante violação do parágrafo 5 da Declaração Final da Conferência de Genebra, e visa consolidar a influência norte-americana no Sudeste Asiático e transformar a Indochina em uma colônia e base americana.
Essa ajuda militar fornecida pelos Estados Unidos, que consiste em equipar e treinar as tropas do Governo do Vietnã do Sul, está em total desacordo com o Acordo de Genebra. De fato, o parágrafo 4 da Declaração Final da Conferência de Genebra “que proíbe a introdução no Vietnã de tropas e militares estrangeiros, bem como todos os tipos de armas e munições” pretende impedir ajuda militar externa a qualquer uma das partes envolvidas. Pergunta-se como o treinamento e a equipagem das tropas no Vietnã do Sul poderiam ser realizados de outra forma que não pela introdução de pessoal e materiais norte-americanos.
Alguns círculos dos Estados Unidos tentaram, em vão, justificar esta flagrante violação do Acordo de Genebra, divulgando notícias gratuitas e ridículas; por exemplo, alegando que a República Democrática do Vietnã teria, desde a conclusão dos Acordos de Genebra, duplicado o efetivo do seu exército, que incluiria “três novas divisões, incluindo duas blindadas”. Basta um simples senso comum para desmascarar tal ficção, pois é materialmente impossível que um país devastado por 8 anos de guerra duplique em poucos meses os efetivos de um exército que levou anos para ser montado.
A ajuda militar norte-americana, como afirmou o General Collins, é concedida à camarilha de Ngo Dinh Diem. Mas tomando medidas de retaliação contra milhares de pessoas nas regiões que participaram da guerra patriótica, suprimindo os direitos democráticos e as liberdades no Vietnã do Sul, especialmente a liberdade de imprensa, recorrendo à mentira, artimanhas e ameaças de obrigar os católicos do Norte a evacuar para o Sul, a camarilha Ngo Dinh Diem vem praticando uma política sistemática de sabotagem da implementação do Acordo de Genebra.
O Ministro das Relações Exteriores de Ngo Dinh Diem, Tran Van Do, declarou a sua oposição às eleições previstas no Acordo de Genebra que visam concretizar a unificação do Vietnã, em uma declaração ao correspondente da Press Trust of India, em 8 de outubro de 1954. Sobre a política interna e externa do Governo Ngo Dinh Diem, ele disse:
“A partição do Vietnã no paralelo 17 pode ser prolongada indefinidamente, tal como na Coreia e na Alemanha... sinto que esta partição não é provisória, como é frequentemente dito...”
A ajuda concedida pelo Governo norte-americano à camarilha de Ngo Dinh Diem é mais uma prova do desejo deliberado dos círculos dominantes dos Estados Unidos de aprofundar sua intervenção nos assuntos internos do Vietnã, impedir a implementação do Acordo de Genebra e preparar uma participação definitiva do Vietnã.
Cabe destacar que a política de violação sistemática do Acordo de Genebra conta com a aprovação dos elementos que o sabotam entre os círculos dominantes franceses em Paris, bem como em Saigon, apesar do desejo de paz e cooperação com a República Democrática do Vietnã, expresso pelo povo francês e pela maioria dos seus círculos políticos, econômicos e culturais franceses.
O povo vietnamita e o Governo da República Democrática do Vietnã opõem-se firmemente a essas violações extremamente graves do Acordo de Genebra, das quais as atividades e declarações do General Collins trouxeram provas irrefutáveis.
O povo vietnamita e o Governo da República Democrática do Vietnã desejam a paz de forma persistente. Estão plenamente satisfeitos com o Acordo de Genebra, que visa restaurar a paz no Vietnã, bem como no Laos e no Camboja, com base no reconhecimento dos direitos nacionais do povo indochinês. É por isso que, por sua parte, estão determinados a cumprir fielmente e escrupulosamente este acordo. Também explica porquê eles decidiram lutar com todas as suas forças contra a violação deste acordo por parte dos intervencionistas norte-americanos, dos elementos colonialistas franceses que sabotam o Acordo de Genebra e a camarilha de Ngo Dinh Diem.
Graças à contribuição dos governos que desejavam a paz na Indochina e que se reuniram em Genebra, à contribuição de outros governos e de todos os povos entusiasmados com o mesmo desejo, a paz na Indochina foi estabelecida em Genebra.
Acreditamos firmemente que, com a mesma boa vontade e o caloroso apoio de governos e povos amantes da paz, o Acordo de Genebra será implementado em sua letra e em seu espírito, garantindo assim o estabelecimento de uma paz estável e duradoura na Indochina com base no reconhecimento e na concretização da independência nacional, soberania e unidade do Vietnã, bem como do Laos e do Camboja.